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sábado, 19 de fevereiro de 2011

Mais uma tentativa de aproximação

A escolha da nova Chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Martha Rocha, não foi consolidada apenas pela experiência de quase 30 anos da delegada na corporação. De fato, a chefe de Polícia conta com experiência suficiente para exercer a função, mas o fator político foi decisivo para a escolha da primeira mulher no cargo. 

A indicação de Martha Rocha se alinha  ao frenesi popular comum à indicação de mulheres para altos cargos administrativos. Essa tática é capaz de acalmar a opinião popular durante tempos de crise, como o vivido pela Polícia Civil após a Operação Guilhotina, que prendeu mais de 30 policiais, civis e militares. O desgaste da instituição só piorou após o ex-Chefe de Polícia, Allan Turnowsky, lacrar a Delegacia de Repressão ao Crime Organizado e promover uma investigação classificada pela imprensa como revanchista.

Além de experiente, Martha Rocha foi escolhida, também, pela popularidade no Estado. A chefe de Polícia foi candidata à vice-prefeita do Rio de Janeiro na chapa de Jorge Bittar (PT) nas eleições municipais de 2004, além de ter sido candidata à deputada estadual pelo PSB. Mesmo sem vencer nenhuma das eleições, o governo do Rio levou em consideração o fato de Martha ser uma pessoa conhecida. Isso, em teoria, facilitaria uma maior identificação pessoal da população com a nova chefe e, por consequência, o fim da crise na corporação. 
Sobre os ombros de Martha está a responsabilidade de recuperar a confiança dos fluminenses na Polícia Civil. Mesmo que de forma indireta, esse é o objetivo do secretário de segurança, José Mariano Beltrame. O tempo dirá se a escolha foi hábil, e se um diálogo mais próximo entre a população e a Polícia será finalmente possível.
Fotos:
Fabiano Rocha
Agência O Globo

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Buscas prosseguem na serra. Número de mortos é imprevisível.

Vinte e três dias se passaram desde a tragédia na região serrana e a tensão causada pela catástrofe em Teresópolis diminui a cada dia. A população tenta seguir a rotina normalmente, mesmo com corpos armazenados até agora em frigoríficos em frente ao Instituto Médico Legal. O trânsito na Avenida Alberto Torres, que estava interditado desde o dia 12 de janeiro, foi liberado.

Com 362 mortos confirmados, as equipes de resgate mantém as operações nas regiões devastadas. Corpos são levados ao IML em ritmo lento, em comparação ao caos inicial. No fim da tarde, o corpo de uma mulher encontrada no bairro da Posse foi trazido pela Defesa Civil para o instituto.

O número de voluntários nos centros de auxílio aos desabrigados diminuiu e, mesmo assim, as doações chegam diariamente. O trabalho se acumula e os galpões lotam de donativos de todo o país. Ainda não há previsão de quando os recursos para aluguéis sociais serão liberados. Enquanto isso, as famílias vitimadas pelas chuvas continuam nos abrigos da prefeitura.
Apesar de toda normalidade aparente na cidade, policiais da Força Nacional de Segurança ainda patrulham Teresópolis. O movimento de operários do Rio de Janeiro que trabalham para controlar os prejuízos da tragédia é intenso. Funcionários da concessionária de energia elétrica AMPLA tentam restabelecer o fornecimento de eletricidade em bairros até pouco tempo isolados, como Cruzeiro, na zona rural.

A boa notícia em meio a todo o caos é que o tempo se mantém firme nas últimas semanas. As chuvas são cada vez mais raras e fracas, o que facilita as buscas. Não há previsão de quantos corpos ainda não foram encontrados. Voluntários acreditam que centenas de corpos jamais serão localizados. Bairros inteiros se tornarão verdadeiros cemitérios.
Fotos
Vinicius Tozato
André Coelho