A escolha da nova Chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Martha Rocha, não foi consolidada apenas pela experiência de quase 30 anos da delegada na corporação. De fato, a chefe de Polícia conta com experiência suficiente para exercer a função, mas o fator político foi decisivo para a escolha da primeira mulher no cargo.
A indicação de Martha Rocha se alinha ao frenesi popular comum à indicação de mulheres para altos cargos administrativos. Essa tática é capaz de acalmar a opinião popular durante tempos de crise, como o vivido pela Polícia Civil após a Operação Guilhotina, que prendeu mais de 30 policiais, civis e militares. O desgaste da instituição só piorou após o ex-Chefe de Polícia, Allan Turnowsky, lacrar a Delegacia de Repressão ao Crime Organizado e promover uma investigação classificada pela imprensa como revanchista.
Além de experiente, Martha Rocha foi escolhida, também, pela popularidade no Estado. A chefe de Polícia foi candidata à vice-prefeita do Rio de Janeiro na chapa de Jorge Bittar (PT) nas eleições municipais de 2004, além de ter sido candidata à deputada estadual pelo PSB. Mesmo sem vencer nenhuma das eleições, o governo do Rio levou em consideração o fato de Martha ser uma pessoa conhecida. Isso, em teoria, facilitaria uma maior identificação pessoal da população com a nova chefe e, por consequência, o fim da crise na corporação.
Sobre os ombros de Martha está a responsabilidade de recuperar a confiança dos fluminenses na Polícia Civil. Mesmo que de forma indireta, esse é o objetivo do secretário de segurança, José Mariano Beltrame. O tempo dirá se a escolha foi hábil, e se um diálogo mais próximo entre a população e a Polícia será finalmente possível.
Fotos:
Fabiano Rocha
Agência O Globo