Total de visualizações de página

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Feliz Ano Novo!

Desejo aos leitores do Correio de Análises um excelente Ano Novo! Que 2011 nos reserve muito sucesso, saúde, paz e felicidade!
Estamos juntos a pouco mais de um mês e o número de acessos aumenta constantemente. Agradeço a todo o apoio e espero encontrar todos no ano que se aproxima!
Felicidades
André Coelho

Happy New Year!

I wish for all the readers of Correio de Análises an excellent New Year! In 2011 i wish success, health, peace and happiness for all of you!
We have been together just over a month and the number of readers is steadily increasing. Thank you for all your support and hope to see you all in the coming year!
Cheers
André Coelho

The ends of an era

On January 1 ends another chapter of brazilian history. The eight-year administration of President Luiz Inacio Lula da Silva ended with records in many sectors such as economic and social indicators, for example. The economy moves slowly, but steadily,  the poor consume more, and taxes revenue hits record. The perfect scenario for any president to be proud of a well done job.
                                        

Lula's government ends with a popularity of 87% and with positive results, which suggests that he will be forever remembered as the best president of Brazil. Correct? No. Over the years, and with decreasing heat of emotions, Lula will be seen as it really is: a charismatic leader who becamed president of the country and found a new project in Brazil going on, and had the major responsibility to continue the measures initiated before 2003.
Except for the PAC, Growth Acceleration Program, which is a list of public works, not a statement of project investments, most policies developed in the Worker's   Party government, had already been created, or at least, designed by former governments. It is no exaggeration to say that the work of President Lula came down to accomplish the work of others, and not to restructure a nation.
Still, Lula is assigned to a claim that does not belong to him. Lula is seen as a savior of Brazil, as a hero, just and author of the largest ever seen socializing process in the country. In reality, the brazilian is deceived by an (almost) false sense of well being and the traditional latin immediacy give Lula the credits for the work of others.
                                        

In fact, Lula was responsible for the continuation of the policies needed for the future consolidation of Brazil as a capitalist power in the global scene. However, creation and continuation of these policies are different responsibilities and require separate claims to several presidents. The Real Plan was, and remains, the big boom stabilizing the national economy. For it to be created and implemented, it took three presidents. If a title of best president ever exists, it should be split between Itamar Franco, initially, Fernando Henrique Cardoso and, to a lesser extent, Luiz Inacio Lula da Silva.
Brazil has improved, thanks to this three presidents, but who switches from Dawn's Palace tomorrow is Lula, and leaves a stronger Brazil, but also challenges to the next president, Dilma Rousseff. A growing public debt, threats of a financial war at the beginning of government, spending cuts of the PAC, and the government mistakes that apparently remain, like the pathetic foreign policy, which needs to be urgently reviewed, a bloated administrative machinery and political patronage , which will be exacerbated with the PMDB in the vice presidency.
                                      

By passing the Presidential Rage to Rousseff, Lula becomes an ex. These two powerful letters state that the president no longer occupies the office. Lula must remember this, and summarize his role in political leadership and management consulting in all spheres, as do the american presidents. Ends Era Lula begins another page of a book called Brazil. The purpose of history is not to disqualify the entire work of Lula, but to question his greatness.
Photos:
Wikimedia Commons
gilgiardelli.com.br

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

O fim da Era Lula

No dia primeiro de janeiro terminará mais um capítulo da história brasileira. Os oito anos da administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegam ao fim com recordes em vários setores, como índices econômicos e sociais, por exemplo. A economia caminha, em passos lentos, mas constantemente, os mais pobres consomem e a arrecadação de impostos bate recorde. O cenário perfeito para qualquer presidente se orgulhar de um trabalho bem feito.

Lula termina o governo com uma popularidade de 87% e com resultados positivos, o que leva a crer que será eternamente lembrado como o melhor presidente do Brasil. Correto? Não. Com o passar dos anos, e com o calor das emoções diminuindo, Lula será visto como realmente é: um líder carismático que chegou à presidência do país e encontrou um projeto de Brasil novo, e tinha como responsabilidade maior dar continuidade às medidas iniciadas antes de 2003. 
Exceto o PAC, que é uma lista de obras, não um projeto articulado de investimentos, a maior parte das políticas desenvolvidas no governo do PT já haviam sido criadas ou, ao menos, projetadas pelos governos anteriores. Não é exagero afirmar que o trabalho do presidente Lula se resumiu a efetivar o trabalho de outros, e não o de reestruturar uma nação. 
Mesmo assim, é atribuído a Lula um crédito que não lhe pertence. Lula é visto como um salvador do Brasil, como um herói, justo e autor da maior socialização já vista no país. Na realidade, o brasileiro é ludibriado por uma (quase) falsa sensação de bem estar e, o tradicional imediatismo latino, canaliza para Lula os louros da vitória alheia.

De fato, Lula foi responsável pelo prosseguimento das políticas necessárias para a futura consolidação do Brasil como uma potência capitalista no cenário global. Porém, prosseguimento e criação dessas políticas são responsabilidades diferentes, e que exigem créditos distintos a diversos presidentes. O Plano Real foi, e continua como, o grande boom estabilizador da economia nacional. Para que fosse criado e posto em prática, foram precisos três presidentes. Se um título de melhor presidente da história existir, deve ser repartido entre Itamar Franco, inicialmente, Fernando Henrique Cardoso e, em menor escala, Luiz Inácio Lula da Silva.
O Brasil melhorou, graças aos três, mas quem se muda do Alvorada em dois dias é Lula. Deixa para trás um Brasil mais forte, mas também deixa desafios à presidente eleita Dilma Rousseff. Uma dívida pública crescente, ameaças de uma guerra cambial no início do governo, os cortes de gastos do PAC, além de erros do governo que aparentemente persistirão, como a política externa patética, que precisa urgentemente ser revista, uma máquina administrativa inchada e o fisiologismo político, que será agravado com o PMDB na vice-presidência.

Ao passar a faixa para Rousseff, Lula passa a ser ex. Essas duas letras poderosas determinam que o presidente não ocupa mais o gabinete do Planalto. Lula deve se lembrar disso, e resumir seu papel ao de liderança política e consultoria administrativa em todas as esferas, assim como fazem os presidentes americanos. Termina a Era Lula, começa outra página de um livro chamado Brasil. O objetivo da história não será o de desqualificar todo o trabalho de Lula, mas sim o de questionar sua grandiosidade. 
Fotos:
Wikimedia Commons 
gilgiardelli.com.br

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

The price of freedom

The Web site Wikileaks has shaken American diplomacy to disclose secret documents about the war in Afghanistan and the Iraq War, besides exposing the views of the U.S. State Department on several world leaders and the policies pursued by each. The organization created in Sweden in 2006, presents itself as a self-regulated site with the aim of publishing secret information of world politics.
                                      


According to the site, the information is obtained through the donation of documents to Wikileaks correspondents around the world, and the portal have the participation of Chinese dissidents, journalists and volunteers from countries such as Taiwan, Australia, South Africa, United States and the nations of Europe.

Among the most important revelations of the site are a copy of a guidance manual for the treatment of prisoners at Guantanamo Bay, Cuba, and the video "Collateral Murder," which shows an Apache helicopter, from the U.S. military, killing 12 people in Iraq, including two Reuters journalists in 2007.

The site's creator, Paul Julian Assange, was arrested on charges of sexual crimes.Protesters across the world demanded the release of Assange, claiming that the arrest of the journalist is actually a form of censorship of Wikileaks. The site has being suspended, and remains in online thanks to mirrors and other platforms on the Internet in different countries.

The organization is an important tool for the full exercise of press freedom worldwide.The arrest of the founder of the site shows that the great democracies still use tricks to contain any threat against the interests of world powers. A true example of the expression "the ends justify the means."

The public has a right to know the truth behind the controversial moves by many governments.The wars in Afghanistan and Iraq, obviously, hide grotesque truths that undermine the military authorities and the Republican Party. Any new data that clarifies the Americans about the real reasons for the invasion and what practices were used in conflicts is a major contribution to the understanding of fuzzy episodes of world history.


According to the site, the information is obtained through the donation of documents to Wikileaks correspondents around the world since the portal with the participation of Chinese dissidents, journalists and volunteers from countries such as Taiwan, Australia, South Africa, United States and the nations of Europe.

Among the most important revelations of the site are a copy of a guidance manual for the treatment of prisoners at Guantanamo Bay, Cuba, and the video "Collateral Murder," which shows an Apache helicopter, the U.S. military, killing 12 people in Iraq, including two Reuters journalists in 2007.

The site's creator, Paul Julian Assange, was arrested on charges of sexual crimes.Protesters across the world demanded the release of Assange, claiming that the arrest of the journalist is actually a form of censorship of Wikileaks.  The site had suspended its rule, and remains in the air thanks to mirrors on other platforms on the Internet in different countries.


The organization is an important tool for the full exercise of press freedom worldwide.The arrest of the founder of the site shows that the great democracies still use tricks to contain any totalitarian threat against the interests of world powers. A true example of the expression "the ends justify the means."

                                 


The public has a right to know the truth behind the controversial moves by governments.The wars in Afghanistan and Iraq, obviously, hide grotesque truths that undermine the military authorities and the Republican Party. Any new data that clarifies the Americans about the real reasons for the invasion and what practices were used in conflicts is a major contribution to the understanding of fuzzy episodes of world history.

 However, secrecy is also fundamental to political ties, has in diplomatic relations, for example. At the risk of leaking vital information from anywhere in the government, an administration will be forced to shield their assets to preserve the diplomatic arena and their state secrets.

Press freedom is the primary requirement for good journalism. Transparency is fundamental to good government. A site like Wikileaks should publish what is of extreme importance to society. Documents and images of war that link military mistakes are essential materials for publication. But little information as personal opinions of one president over another is useless to the reader. In other words, does not please anyone except those who entertain with it.

Assange, who was released on bail, was the victim of political persecution, paying a high price for the right to publish whatever he wanted. We can only hope that the portal, and similar sites that may arise in the future, filter the information by relevancy criteria to be published. And never a man to be taken to jail for speaking the truth. This is the ideal of every journalist.

Photo: VentureBeat


domingo, 19 de dezembro de 2010

O custo da liberdade

O site Wikileaks abalou a diplomacia americana ao divulgar documentos sigilosos sobre a Guerra do Afeganistão e sobre a Guerra do Iraque, além de expor as opiniões do departamento de Estado americano sobre vários líderes mundiais e as políticas seguidas por cada um. A organização criada na Suécia em 2006, se apresenta como um site autorregulado com o objetivo de publicar informações secretas da política mundial.

Segundo o site, as informações são obtidas através de doação de documentos para correspondentes da Wikileaks ao redor do mundo, já que o portal conta com a participação de dissidentes chineses, jornalistas e voluntários de países como Taiwan, Austrália, África do Sul, Estados Unidos, e de nações da Europa.
Entre as mais importantes revelações do site estão a cópia de um manual de orientação para o tratamento de prisioneiros da base de Guantánamo, em Cuba, e o vídeo "Collateral Murder", que mostra um helicóptero Apache, do exército dos Estados Unidos, matando 12 pessoas no Iraque, inclusive dois jornalistas da agência Reuters em 2007. 
O criador do site, Julian Paul Assange, foi preso acusado de crimes sexuais. Manifestantes em todo o mundo exigiram a libertação de Assange, alegando que a prisão do jornalista é, na realidade, uma forma de censura à Wikileaks. O site teve seu domínio suspenso, e se mantém no ar graças a espelhos em outras plataformas na internet em diferentes países.
A organização é uma importante ferramenta para o exercício pleno da liberdade de imprensa no mundo. A prisão do fundador do site mostra que as grandes democracias ainda usam artifícios totalitaristas para conter qualquer ameaça contra os interesses das potências mundiais. Um verdadeiro exemplo da expressão "os fins justificam os meios". 
A população tem o direito de conhecer a verdade por trás de movimentos polêmicos dos governos. As guerras do Afeganistão e do Iraque, obviamente, ocultam verdades grotescas que comprometem as autoridades militares e o Partido Republicano. Qualquer novo dado que esclareça os americanos sobre os reais motivos das invasões e quais práticas foram empregadas nos conflitos é uma grande contribuição para a compreensão de episódios nebulosos da história mundial.

Por outro lado, sigilo também é fundamental para certas relações políticas, como as próprias relações diplomáticas. Com o risco de vazamento de informações vitais de qualquer parte do governo, uma administração será obrigada a se blindar para preservar seus trunfos no campo diplomático e seus segredos de estado.
A liberdade de imprensa é a exigência principal para um bom jornalismo. Transparência é fundamental para um bom governo. Um site como o Wikileaks deve publicar aquilo que é de extrema relevância para a sociedade. Documentos da guerra e imagens que apontam erros militares são materiais indispensáveis para serem publicados. Mas informações pequenas, como opiniões pessoais de um presidente sobre outro é inútil ao leitor e prejudicial ao governante. Em outras palavras, não agrada ninguém, exceto os que se entretem com isso.
Assange, que foi libertado sob fiança, foi vítima de perseguição política, pagando um alto preço pelo direito de publicar o que quisesse. Resta esperar que o portal, e sites similares que possam surgir no futuro, filtrem as informações pelo critério de relevância para serem publicadas. E que jamais um homem seja levado para a cadeia por falar a verdade. Esse é o ideal de todo jornalista.
Foto: VentureBeat 

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

The dirty job that someone has to do (Artigo em português segue abaixo)

British government announced in recent months a series of cuts in public spending in different areas of administration. The finance minister George Osborne reiterated the government's goal of the Conservative Party in drastically reducing the country's public deficit, now around US$ 240 billion.
Critics argue that government action is purely ideological. The opposition accuses the Conservatives of trying to reduce the size of the English state, by reducing the area taken by the government.
In fact, the cuts promise drastic consequences for the public service with the projected loss of 490,000 jobs in public service by 2015. In addition to widespread unemployment, the poorest also await a dismal horizon, as the beneficiaries of social programs in Britain will be responsible for menial jobs for the government. The activity list includes tasks such as garbage removal and street cleaning for a fee of one pound per hour.The measures have affected negatively, since the poor and the unemployed will suffer.Undoubtedly, the priority of an administration should be social welfare, so that public services are of excellent quality and welfare benefits act as a means to ensure equal opportunities to all rising.However, the problem is much more complex to be analyzed only by budget cuts.Whether through ideology, has accused the opposition in parliament, the cost reduction made by the Conservatives, including payroll, is essential for the country's economic recovery.The criticisms are unfounded, however, members of the Labour party should assess the attitudes of the party that ruled England for 13 years. The administrations of Tony Blair and Gordon Brown, from Labour Party, deserve to be blamed for the lack of administration of public accounts in Britain.Blair, overly loyal to former U.S. president, George W. Bush, put the country into an unnecessary military conflict, the war in Iraq. The result was the loss of British lives and the increase in military investments. The Conservatives have announced that the defense will lose 8% of the budget for the next fiscal year.Brown also didn't had the renewing energy to transform the economy and politics.Spearheading the last Labour administration, Brown tried to privatize the postal service, a process that has generated enough controversy and showed that not only the members of the Conservative Party who believe in private enterprise.Indeed, the outcasts of society can't cope alone with the account of bad government in the land of the queen. But cutting spending and reducing the swelling of the machine are fundamental actions for the stabilization of a nation. The Labor should seek to mitigate impacts on the poor and focus on presenting the government with a new policy for inclusion in the labor market for the unemployed.Amid all this controversy, one point pleased everyone: health sistem will receive two billion dollars next year for social care, and education resources to be fully maintained, since this is the main area for the development of a free society.
Admittedly, the effects of this new measures need to be smoothed. But it is understood the mentality of the english people to seek change. Tired of the apathy employed by Labour, the Conservatives at the ballot box growth was predictable, as they promised radical action against the economy's problems. The Blair's bad choices and Brown's inertia left a confused legacy to Prime Minister David Cameron. To get the problems resolved, England need to sacrifice, but also need to protect the population. In the english case, two words are key to the solution: commitment and dialogue.
Photo: AP

In fact, the cuts promise drastic consequences for the public service with the projected loss of 490,000 jobs in public service by 2015.In addition to widespread unemployment, the poorest also await a dismal horizon, as the beneficiaries of social programs in Britain will be responsible for menial jobs for the government.The activity list includes tasks such as garbage removal and street cleaning for a fee of one pound per hour



quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O trabalho sujo que alguém tem que fazer

O governo inglês anunciou nos últimos meses uma série de cortes de despesas públicas em diferentes áreas da administração. O ministro das Finanças, George Osborne, reiterou o objetivo do governo do Partido Conservador em reduzir drasticamente o déficit público do país, hoje por volta de R$ 400 bilhões. 

Os críticos das novas medidas argumentam que a ação do governo é puramente ideológica. A oposição acusa os Conservadores de tentar reduzir o tamanho do estado inglês, ao diminuir a área de atuação do poder público.
De fato, os cortes prometem consequências drásticas para o funcionalismo , com a previsão de perda de 490 mil postos de trabalho no serviço público até 2015. Além do desemprego generalizado, os mais pobres também aguardam um horizonte funesto, já que, em breve, os beneficiários de programas sociais da Grã-Bretanha serão encarregados de trabalhos braçais para o governo. A lista de atividades inclui tarefas como retirada de lixo e limpeza urbana por um pagamento de uma libra por hora. 
As medidas repercutiram de forma negativa, já que os pobres e os desempregados serão prejudicados. Sem dúvida, a prioridade de uma administração deve ser o bem estar social, de modo que os serviços públicos sejam de excelente qualidade e os benefícios assistencialistas funcionem como meio para garantir a igualdade de oportunidades de ascenção a todos. 
Entretando, o problema inglês é muito mais complexo para ser analisado apenas pelos cortes de verbas. Seja por ideologia, como acusa a oposição no parlamento, ou não, a redução de gastos feita pelos Conservadores, inclusive com folha de pagamento, é essencial para a recuperação econômica do país. 
As críticas têm fundamento, porém, os integrantes do Partido Trabalhista devem avaliar as atitudes do partido que governou a Inglaterra pelos últimos 13 anos. As gestões de Tony Blair e Gordon Brown, do Labour Party, merecem ser responsabilizadas pelo descontrole nas contas públicas inglesas.
Blair, exageradamente fiel ao ex-presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, colocou o país em um conflito militar desnecessário, ao entrar na guerra do Iraque. O resultado foi a perda de vidas britânicas e o aumento nos investimentos militares. Os Conservadores já anunciaram que a Defesa vai perder 8% do orçamento no próximo ano fiscal. 
Brown também não exalava energia renovadora para transformar a economia e a política do país. No comando da última gestão Trabalhista, Brown tentou privatizar o serviço dos correios, processo que gerou bastante polêmica e mostrou que não são apenas os membros do Conservative Party os que pensam na iniciativa privada.
Efetivamente, os excluídos da sociedade não podem arcar sozinhos com a conta das péssimas administrações na terra da rainha. Porém, cortar gastos e reduzir o inchaço da máquina são medidas fundamentais para a estabilização de uma nação. Os Trabalhistas devem buscar amenizar os impactos sobre os pobres e se concentrar em apresentar ao governo uma nova política de inserção no mercado de trabalho para os desempregados.
Em meio a toda essa polêmica, um ponto agradou a todos: a saúde receberá mais dois bilhões de reais no ano que vem para a assistência social e os recursos para a educação serão mantidos integralmente, já que essa é a área principal para o desenvolvimento de uma sociedade livre.
É certo que os efeitos das novas medidas precisam ser suavizados. Mas é compreensível a mentalidade do povo inglês em buscar mudanças. Cansados do marasmo empregado pelos Trabalhistas, o crescimento dos Conservadores nas urnas era previsível, já que prometeram ações radicais contra os problemas da economia. As más escolhas de Blair e a inércia de Brown deixaram um legado confuso ao primeiro-ministro David Cameron. Para arrumar a casa é preciso sacrifícios, mas também é preciso preservar a população. No caso inglês, duas palavras são fundamentais para a solução do problema: meio termo. 
Foto: AP

domingo, 5 de dezembro de 2010

Welcome, welcome!

A partir de agora os artigos postados no Correio de Análises também serão traduzidos para o inglês. Assim, espero que o conteúdo disponibilizado aqui possa abranger mais leitores, tornando o Correio mais acessível. As últimas duas postagens sobre a violência na cidade do Rio de Janeiro já estão traduzidas.
Boa leitura!


From now on, the articles posted in the "Mail of Analyses" will also be translated into English. So I hope that the content provided here can reach more readers, making the Mail more accessible. The last two articles about the violence in Rio de Janeiro are already avaiable in english.
Enjoy!

The War in Rio - Part 2

Special coverage is a perfect opportunity to test the ability of a journalistic team, specifically, the television crews. Whenever something urgent dominates the news, and in some cases dominates the lineup, the central stations of journalism work hard to reassure the public the information the faster as possible.

Globo's coverage during the occupations made by the police in the Complexo da Penha and in the Complexo do Alemão during the past week shows partly how the media should behave towards these occurrences. And consider the extraordinary fact that those events are able to paralyze the entire state capital, part of the metropolitan region and endanger the lives of those involved in the conflict and the civilian population.
Reviews are made on Globo TV's job, accusing the station of sensationalism. In fact, as the conflict itself, excesses were committed. The coverage of the operation needed to be done but to send reporters to the front compromises the low stability of the invasion, since the police must dominate the region, preserve their own security and also the reporter. This is a practice that needs to be reviewed by all vehicles, as well as the habit of transmitting each step of the security forces using helicopters. Just as the viewer is informed, the villain as well receives the news, which affects the police action.
Even with some limitations, sensationalism is a strong word to summarize the work of the Globe in the midst of all this confusion. The posture of the fourth largest television network in the world to suspend significant part of programming, including advertising responsible for maintaining the vehicle to convey the chaos in Rio, reflects the severity of the problem faced by the local population and police.
Before accusing Globo TV, and other broadcast media of sensationalism we can not forget that not only Penha and Alemão was the affected regions. Attacks happened throughout the city, including downtown Rio and the Barra da Tijuca.
The population of Rio, more than anything, needed that information. It would be pathetic broadcast entertainment programs or movies while cars on fire, Navy amphibious tanks and men prepared for a battle of major proportions took care of the routine in Rio.
Critics should consider whether, amid all the confusion created, if they would rather go to the streets without any information or if it would be better to stop in front of the television and hear the voice of reason: Do not leave home, drug dealers attacked in the street where you live.
Image: Contigo Magazine

The War in Rio - Part 1

Rio de Janeiro lived a chaotic week with random attacks from drug dealers in various districts and cities in the metropolitan area. Several buses have been torched and more than 30 people have died. The information of a possible attack to the general public on Saturday left the locals in a panic, not knowing whether or not to leave their home.

Terrorism committed by bandits in Rio is a reflection of decades of mismanagement and neglect by the state, combined with inefficient public safety policies to contain the problem. The system is flawed since the 70's, the professionals at the Public Safety Department working in appalling conditions and without the massive support of the population.
Rio police does not have the popular support, and is seen by the people as the enemy in this urban warfare. Yes, the corrupt police are part of the problem. But we must draw the line between right and wrong, between law and crime, between who the society supports for and who society wants behind bars. That goes for both sides, but most officers live honestly, honorably, risking their lives in a society that don’t recognizes their efforts and receives a wage laughable. The government doesn’t invest in the police, crime is not detained and the problem only increases.
The society every day becomes more hostages to a system of repression bankrupted and criminal gangs, who get more powerful and articulate every day. Measures such as the UPP's (Police Units Pacifier) serve mainly to fool people by passing a false sense that the government has acted bravely against the bandits. The number of units is still insufficient and the method employed to take the shantytowns is also questionable, since the drug dealers are warned about 48 hours in advance of losing the region for the state authorities.

The situation is untenable, and the reality of absolute success of UPP's falls to the ground watching a besieged city and the decent population housebound. Even so, many still stand to defend the bandits, who hold the title of poor and excluded from society full fruits of injustice. Many, in fact, adhere to the crime as the only way to survive, but most are there so willingly, since not all poor people are criminals.
The people deserve to have somebody to defend fairly their family, but the inversion of values in Brazilian society is a dangerous thing. Human rights must be respected and must cover everyone, but in Brazil today is acceptable an villain murdering a policeman, a father, an elder or a child because that is his nature. But if the police performs its function and kills a criminal, the bandit’s defensors says the drug dealer was a worker and condemns the public server.
The tears shed this week will show brazilians that the problem is not solved. The important thing now is to wait for the next events and let's hope that the damage to civilians and to the police be minimal. And that one day the scenes that we are watching live on TV become a distant past.
Image 1: Agência Estado
Image 2: Tasso Marcelo

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A guerra carioca - Parte 2

Coberturas especiais são uma oportunidade perfeita para colocar em prova a capacidade de uma equipe jornalística, seja de qual meio for, mas nesse caso específico, as coberturas televisionadas. Sempre que algo urgente domina o noticiário, em alguns casos até a programação por completo, as centrais de jornalismo das emissoras fervem, para garantir ao público as informações da forma mais ágil possível.

A cobertura da Rede Globo durante as ocupações policiais no Complexo da Penha e no Complexo do Alemão durante a semana passada mostra, parcialmente, como a mídia deve se comportar perante acontecimentos extraordinários. E por extraordinários considera-se o fato de os acontecimentos serem capazes de paralisar toda a capital fluminense, parte da região metropolitana e comprometerem a vida dos envolvidos no conflito e da população civil.
Críticas são feitas à Rede Globo, acusando a emissora de sensacionalismo. De fato, assim como no próprio conflito, excessos foram cometidos. A cobertura da operação precisava ser feita, porém enviar repórteres ao front compromete a pouca estabilidade da invasão, já que o policial deve dominar a região, preservar a própria segurança e, como se não bastasse, a do repórter. Essa é uma prática que precisa ser revista, por todos os veículos, assim como o hábito de transmitir cada passo das forças de segurança com helicópteros. Da mesma forma que o espectador é informado, o bandido também, o que prejudica a ação. 
Mesmo com algumas ressalvas, sensacionalismo é um termo forte para resumir o trabalho da Globo em meio a toda essa confusão. A postura da quarta maior emissora de televisão do mundo em suspender parte significativa da programação, inclusive a publicidade responsável por manter o veículo, para transmitir o caos no Rio, reflete a gravidade do problema enfrentado pelos cariocas e pela polícia.
Antes de acusar a Globo, e outras emissoras, de sensacionalismo, não se pode esquecer que não eram apenas Penha e Alemão as regiões atingidas. Ataques se estenderam por toda a cidade, incluindo o centro do Rio e a Barra da Tijuca. 
A população carioca, acima de qualquer coisa, precisava daquelas informações. Seria patético transmitir Malhação enquanto carros ardendo em chamas, tanques anfíbios da Marinha e homens preparados para um combate de grandes proporções tomavam conta da rotina do Rio. Os críticos devem pensar se, em meio a toda a confusão criada, preferiam sair às cegas pelas ruas ou se seria melhor ligar a televisão e ouvir a voz da razão: Não saia de casa, sua rua foi atacada.
Imagem: TV Globo

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A guerra carioca - Parte 1

O Rio de Janeiro vive uma semana caótica, com ataques aleatórios de traficantes em diversos bairros e cidades da região metropolitana. Vários ônibus já foram incendiados e 23 pessoas já morreram até agora. A informação de um possível ataque generalizado à população no sábado deixou os cariocas em pânico, sem saber se devem ou não sair de casa.

O terrorismo praticado pelos bandidos no Rio é reflexo das décadas de desgoverno e abandono por parte do estado, somado à políticas públicas de segurança ineficientes para conter o problema. O sistema está viciado há anos, os profissionais da Secretaria de Segurança Pública trabalham em condições degradantes e sem o apoio massivo da população.
A polícia do Rio não conta com o aval popular, já que é vista por parte do povo como o inimigo nessa guerra urbana. Sim, a polícia corrupta é parte do problema. Mas é preciso estabelecer os limites entre certo e errado, entre lei e crime, entre quem a sociedade defende e quem a sociedade quer atrás das grades. Isso vale para ambos os lados, porém a maioria dos policiais vive de forma honesta, honrada, arriscam a vida por uma sociedade que não reconhece seus esforços e recebem um salário risível. Não se investe na polícia, a criminalidade não é detida e o problema só aumenta.
A sociedade a cada dia se torna mais refém de um sistema de repressão falido e das organizações criminosas, mais poderosas e articuladas. Medidas como as UPP's servem, principalmente, para enganar a população, passando uma falsa sensação de que o governo age bravamente contra os bandidos. O número de unidades ainda é insuficiente e o método empregado para ocupar o morro também é questionável, já que os traficantes são avisados com cerca de 48 horas de antecedência da tomada da região por autoridades do estado.
O quadro é insustentável, e a realidade de sucesso absoluto das UPP's cai por terra ao se ver uma cidade sitiada e sua população presa. Mesmo assim, muitos ainda se levantam para defender os bandidos, que recebem o título de pobres excluídos da sociedade e frutos plenos da injustiça. Muitos, de fato, aderem ao crime como única forma de sobreviver, mas a maioria está ali sim por vontade própria, já que nem todos os pobres são bandidos. 
Todos os cidadãos merecem quem os defenda de forma justa, porém a inversão de valores na sociedade brasileira é algo perigoso. Os direitos humanos devem ser respeitados e precisam abranger a todos, entretanto no Brasil de hoje é aceitável um bandido assassinar um policial, um pai de família, uma idosa ou uma criança porque essa é a natureza dele. Mas se o policial exerce sua função e mata um criminoso, travestem o morto de trabalhador e execram o servidor público.
Que as lágrimas derramadas essa semana sirvam para mostrar aos brasileiros que o problema não está resolvido. O importante agora é aguardar os próximos acontecimentos e torcer para que os danos aos civis e aos policiais seja ínfimo. E que um dia as cenas que acompanhamos hoje, ao vivo, se torne um passado distante. 

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Lembra do Eurico Miranda, Asfor?

O vice-presidente eleito Michel Temer começa a dar sinais de seu poder e influência, antes mesmo da posse da chapa vencedora. O primeiro objetivo de Temer é fazer com que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva analise com mais carinho o nome do ministro César Asfor Rocha para uma indicação ao Supremo Tribunal Federal. Essa missão é compartilhada por Temer com o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, e com o ex-presidente da República e presidente do Senado, José Sarney.
                         

O presidente Lula recebeu o nome do ministro Asfor pelas mãos de Sarney durante um almoço no Palácio do Itamaraty, exato momento que Lula escolheu para saber do presidente do Senado a possibilidade da casa sabatinar o indicado à vaga no STF ainda este ano.
Asfor, que já foi presidente do Superior Tribunal de Justiça, não recebe o apoio dos caciques peemedebistas gratuitamente. O que circula na imprensa é que o partido tenta usar suas forças, inclusive o vice de Dilma, para inserir na corte alguém contrário ao projeto Ficha Limpa. Assim, o tribunal ficaria ainda mais dividido e as chances de salvar da cassação o senador eleito pelo PMDB e ficha suja, Jader Barbalho, seriam maiores.
A urgência em devolver Barbalho ao Senado, de onde renunciou por envolvimento no escândalo de violação do painel de votações, se dá, também, pela cassação da candidatura do senador eleito por Tocantins, Marcelo Miranda, do PMDB. 
Agora, resta saber se Asfor dará prioridade à amizade com Sarney e ajudará o partido no julgamento, ou se será coerente e votará contra Barbalho. Em 2006, Asfor votou contra o registro de candidatura do ex-deputado e ex-presidente do Clube de Regatas Vasco da Gama, Eurico Miranda, por acreditar que sua conduta não condizia com a moralidade pública.
Jader Barbalho tem história. E é conhecida por todos. Do mesmo modo que o nome Eurico provoca medo em vascaínos e eleitores até hoje. O passado não pode ser apagado, tanto o dos políticos corruptos, quanto das atitudes dos santos ministros do STF. Com uma eventual vitória de Temer para colocar Asfor para ser a voz de seu partido e dos fichas sujas, é preciso que a imprensa preste atenção especial ao voto e aos argumentos do ministro para justificar seus possíveis atos favoráveis ao PMDB. 
É cedo para fazer juízo de valores sobre uma indicação que ainda não foi efetivada pelo presidente, porém a tentativa de Temer em interferir no funcionamento de uma instituição autônoma deve ser anotada para que se possa acompanhar os futuros passos do vice. Um vice astuto, esperto e que gosta do poder. Dilma e o PT não poderiam querer melhor companhia. 

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Primeiro nocaute

O "novo" governo não assumiu ainda mas já mostra a que veio. Assim que o último voto foi contado, começaram as mobilizações dentro da base aliada e até com membros da oposição para trazer de volta a CPMF. A própria presidente eleita Dilma Rousseff afirmou ser favorável a criação de uma nova taxação que direcione novos recursos para a saúde, mesma premissa responsável pela criação do chamado imposto do cheque.


A posição da presidente eleita é no mínimo curiosa, se comparada com a ênfase com que a então candidata dizia aos quatro cantos do país ser totalmente contrária a ajustes fiscais. Qualquer dúvida disso, basta checar o desempenho de Dilma nos debates e entrevistas durante as eleições. Passado o período de conquista de votos, a atitude muda e a população será responsável, novamente, por encher o caixa de um governo que se recusa a reduzir gastos com folha de pagamento.
Os governadores eleitos pelo PSB uniram forças para brigar por um imposto similar a CPMF. O presidente do PT, José Eduardo Dutra, defendeu a presidente eleita e disse sempre ter sido favorável ao imposto, mesmo tendo votado contra sua criação em 1998. A justificativa do voto de Dutra, mesmo contra sua posição, foi a influência do partido pela decisão em bloco.
Criada em 1997, a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira não cumpriu a promessa de abastecer os cofres da saúde, apenas. Os recursos foram destinados também à previdência e ao Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza, o que anula parcialmente o discurso defensor do SUS como receptor integral do dinheiro. A taxa não foi prorrogada pelo Senado em 2007, o que fez o tesouro perder R$ 40 bilhões em arrecadação.
A oposição já se manifestou sobre o assunto. O Democratas declarou que "não permitirão que o povo pague a conta da eleição". A discussão da volta do imposto do cheque ainda vai ocupar muitas manchetes de jornal, até que o governo acabará vencendo esta luta. A única possibilidade de atrapalhar os planos de Dilma seria a rejeição da população a um dos impostos mais criticados da tributação brasileira. A possibilidade, mesmo escassa, levaria o governo a jogar a bola para o Congresso. 
Os deputados e senadores assumiriam a responsabilidade de recriar o imposto, tirando do governo o fardo da nova taxação. De uma forma ou de outra, o discurso foi jogado no lixo e o brasileiro pagará mais por um serviço péssimo. 

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Para não repetir os mesmos erros

O seminário de jornalismo “Controversas”, da semana acadêmica de 2010 da Universidade Federal Fluminense, foi fiel ao nome com o qual foi batizado. Foram três dias de palestras e debates sobre temas fundamentais para a realização do bom jornalismo, tão escasso atualmente, durante os dias 9, 10 e 11 de novembro. E a primeira mesa de palestrantes, sobre jornalismo político, foi uma das que mais se destacaram, abrindo o evento em grande estilo e dando o tom das discussões futuras.
Entre os convidados estavam nomes como Chico Otávio, do jornal O Globo, um dos maiores repórteres de política do país. José Luiz Alcântara, do jornal O Estado de S. Paulo, e Paula Mairan, jornalista e assessora de imprensa do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), participaram do “Controversas” agregando ainda mais ao debate que discutiu de eleições às experiências pessoais de cada um.
             Chico Otávio começou ressaltando a importância da editorianacional de Brasília, responsável por 80% do conteúdo de política que é publicado no jornal. Hoje, o jornal só possui dois repórteres de política no Rio de Janeiro. “Isso só mostra a pouca relevância da capital fluminense na política nacional atualmente”, disse Chico. Mas esse quadro muda bastante durante o período eleitoral.
              Para Chico, as eleições são como uma copa do mundo, uma Olimpíada para os jornalistas que cobrem   política. A editoria recebe profissionais de outras editorias, o que garante maior atividade no setor. Mas mesmo assim, toda essa energia é canalizada para as eleições presidenciais. As eleições proporcionais para o Congresso e para as assembléias legislativas continuam secundárias para a cobertura da mídia, o que Chico espera que mude.
Tendo coberto oito eleições, Chico afirma que cada processo eleitoral tem sua característica específica. Nessa eleição, por exemplo, as redes sociais como o Twitter foram a grande novidade, mostrando como os editores ainda valorizam a velocidade e o furo. Isso sempre buscando encurtar a distância entre um fato e a divulgação desse fato, que ainda existe, apesar de todo o frenesi das tecnologias disponíveis no século XXI.
Em relação às críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à imprensa durante a campanha eleitoral, Chico lamenta o fato de os jornalistas terem “ido para as trincheiras” por causa disso. O jornalista também lembra que a imprensa também foi criticada pela cobertura que fez, e não somente pelos políticos. Tentar reduzir todas as críticas a motivação política seria colocar a imprensa em uma posição privilegiada em que ela não se encontra. 
José Luiz Alcântara, da sucursal carioca do jornal O Estado S. Paulo, começou a cobrir eleições em 1974, e lida com todas as editorias, não só com a de política. Para ele, na corrida presidencial de 2010 as propostas dos dois partidos não ficou clara. Foi uma campanha nebulosa em termos de idéias, mas concorda com Chico em relação a importância das redes sociais para a difusão de idéias e aproximação com o eleitorado, mesmo considerando que essa ferramenta também serviu para divulgar boatos.
Alcântara compara o baixo nível das eleições de 2010 à eleição de 1982 para o governo do Rio de Janeiro, onde Leonel Brizola foi vítima de perseguição e manipulação por parte da mídia. Esse tipo de problema poderia ser resolvido parcialmente se outras empresas adotassem a mesma atitude do Estadão, ao declarar abertamente apoio ao então candidato José Serra, do PSDB.
O jornalista afirma nunca ter sido pressionado na redação do Rio ou pelos superiores de São Paulo para favorecer nenhum candidato. Mesmo assim, reconhece que a impressão que se passou ao público foi de um apoio maciço das grandes empresas de comunicação ao candidato tucano, mesmo que isso não seja completamente verdade.
José Luiz Alcântara crê na necessidade de maior discussão sobre as futuras coberturas, já que em 2010 houve sério desgaste da imagem dos jornais. A jornalista e assessora de imprensa Paula Mairan também pensa desta forma, porém é favorável a que o apoio dos jornais se limite às páginas de opinião, para evitar a crescente editorialização da notícia.
O debate serviu para ampliar a discussão sobre o futuro do jornalismo político após o fracasso da cobertura das eleições 2010. Mesmo com toda a polêmica, Chico Otávio se diz satisfeito com seu trabalho cobrindo a campanha. Agora, é preciso reavaliar todos os métodos utilizados esse ano, para que os mesmos erros não se repitam, perpetuando as falhas da imprensa.