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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A guerra carioca - Parte 1

O Rio de Janeiro vive uma semana caótica, com ataques aleatórios de traficantes em diversos bairros e cidades da região metropolitana. Vários ônibus já foram incendiados e 23 pessoas já morreram até agora. A informação de um possível ataque generalizado à população no sábado deixou os cariocas em pânico, sem saber se devem ou não sair de casa.

O terrorismo praticado pelos bandidos no Rio é reflexo das décadas de desgoverno e abandono por parte do estado, somado à políticas públicas de segurança ineficientes para conter o problema. O sistema está viciado há anos, os profissionais da Secretaria de Segurança Pública trabalham em condições degradantes e sem o apoio massivo da população.
A polícia do Rio não conta com o aval popular, já que é vista por parte do povo como o inimigo nessa guerra urbana. Sim, a polícia corrupta é parte do problema. Mas é preciso estabelecer os limites entre certo e errado, entre lei e crime, entre quem a sociedade defende e quem a sociedade quer atrás das grades. Isso vale para ambos os lados, porém a maioria dos policiais vive de forma honesta, honrada, arriscam a vida por uma sociedade que não reconhece seus esforços e recebem um salário risível. Não se investe na polícia, a criminalidade não é detida e o problema só aumenta.
A sociedade a cada dia se torna mais refém de um sistema de repressão falido e das organizações criminosas, mais poderosas e articuladas. Medidas como as UPP's servem, principalmente, para enganar a população, passando uma falsa sensação de que o governo age bravamente contra os bandidos. O número de unidades ainda é insuficiente e o método empregado para ocupar o morro também é questionável, já que os traficantes são avisados com cerca de 48 horas de antecedência da tomada da região por autoridades do estado.
O quadro é insustentável, e a realidade de sucesso absoluto das UPP's cai por terra ao se ver uma cidade sitiada e sua população presa. Mesmo assim, muitos ainda se levantam para defender os bandidos, que recebem o título de pobres excluídos da sociedade e frutos plenos da injustiça. Muitos, de fato, aderem ao crime como única forma de sobreviver, mas a maioria está ali sim por vontade própria, já que nem todos os pobres são bandidos. 
Todos os cidadãos merecem quem os defenda de forma justa, porém a inversão de valores na sociedade brasileira é algo perigoso. Os direitos humanos devem ser respeitados e precisam abranger a todos, entretanto no Brasil de hoje é aceitável um bandido assassinar um policial, um pai de família, uma idosa ou uma criança porque essa é a natureza dele. Mas se o policial exerce sua função e mata um criminoso, travestem o morto de trabalhador e execram o servidor público.
Que as lágrimas derramadas essa semana sirvam para mostrar aos brasileiros que o problema não está resolvido. O importante agora é aguardar os próximos acontecimentos e torcer para que os danos aos civis e aos policiais seja ínfimo. E que um dia as cenas que acompanhamos hoje, ao vivo, se torne um passado distante. 

2 comentários:

  1. Cara, muito questionável a maioria do que vc defende, mas é melhor nem começar a falar...

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  2. A grande questão é: Sairemos deste caos de agora mais fortes na guerra contra o terror do tráfico ou mais vulneráveis, humilhados e massacrados por aqueles que se acham no direito de instalar um poder paralelo?

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