Coberturas especiais são uma oportunidade perfeita para colocar em prova a capacidade de uma equipe jornalística, seja de qual meio for, mas nesse caso específico, as coberturas televisionadas. Sempre que algo urgente domina o noticiário, em alguns casos até a programação por completo, as centrais de jornalismo das emissoras fervem, para garantir ao público as informações da forma mais ágil possível.
A cobertura da Rede Globo durante as ocupações policiais no Complexo da Penha e no Complexo do Alemão durante a semana passada mostra, parcialmente, como a mídia deve se comportar perante acontecimentos extraordinários. E por extraordinários considera-se o fato de os acontecimentos serem capazes de paralisar toda a capital fluminense, parte da região metropolitana e comprometerem a vida dos envolvidos no conflito e da população civil.
Críticas são feitas à Rede Globo, acusando a emissora de sensacionalismo. De fato, assim como no próprio conflito, excessos foram cometidos. A cobertura da operação precisava ser feita, porém enviar repórteres ao front compromete a pouca estabilidade da invasão, já que o policial deve dominar a região, preservar a própria segurança e, como se não bastasse, a do repórter. Essa é uma prática que precisa ser revista, por todos os veículos, assim como o hábito de transmitir cada passo das forças de segurança com helicópteros. Da mesma forma que o espectador é informado, o bandido também, o que prejudica a ação.
Mesmo com algumas ressalvas, sensacionalismo é um termo forte para resumir o trabalho da Globo em meio a toda essa confusão. A postura da quarta maior emissora de televisão do mundo em suspender parte significativa da programação, inclusive a publicidade responsável por manter o veículo, para transmitir o caos no Rio, reflete a gravidade do problema enfrentado pelos cariocas e pela polícia.
Antes de acusar a Globo, e outras emissoras, de sensacionalismo, não se pode esquecer que não eram apenas Penha e Alemão as regiões atingidas. Ataques se estenderam por toda a cidade, incluindo o centro do Rio e a Barra da Tijuca.
A população carioca, acima de qualquer coisa, precisava daquelas informações. Seria patético transmitir Malhação enquanto carros ardendo em chamas, tanques anfíbios da Marinha e homens preparados para um combate de grandes proporções tomavam conta da rotina do Rio. Os críticos devem pensar se, em meio a toda a confusão criada, preferiam sair às cegas pelas ruas ou se seria melhor ligar a televisão e ouvir a voz da razão: Não saia de casa, sua rua foi atacada.
Imagem: TV Globo
Imagem: TV Globo
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