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domingo, 19 de dezembro de 2010

O custo da liberdade

O site Wikileaks abalou a diplomacia americana ao divulgar documentos sigilosos sobre a Guerra do Afeganistão e sobre a Guerra do Iraque, além de expor as opiniões do departamento de Estado americano sobre vários líderes mundiais e as políticas seguidas por cada um. A organização criada na Suécia em 2006, se apresenta como um site autorregulado com o objetivo de publicar informações secretas da política mundial.

Segundo o site, as informações são obtidas através de doação de documentos para correspondentes da Wikileaks ao redor do mundo, já que o portal conta com a participação de dissidentes chineses, jornalistas e voluntários de países como Taiwan, Austrália, África do Sul, Estados Unidos, e de nações da Europa.
Entre as mais importantes revelações do site estão a cópia de um manual de orientação para o tratamento de prisioneiros da base de Guantánamo, em Cuba, e o vídeo "Collateral Murder", que mostra um helicóptero Apache, do exército dos Estados Unidos, matando 12 pessoas no Iraque, inclusive dois jornalistas da agência Reuters em 2007. 
O criador do site, Julian Paul Assange, foi preso acusado de crimes sexuais. Manifestantes em todo o mundo exigiram a libertação de Assange, alegando que a prisão do jornalista é, na realidade, uma forma de censura à Wikileaks. O site teve seu domínio suspenso, e se mantém no ar graças a espelhos em outras plataformas na internet em diferentes países.
A organização é uma importante ferramenta para o exercício pleno da liberdade de imprensa no mundo. A prisão do fundador do site mostra que as grandes democracias ainda usam artifícios totalitaristas para conter qualquer ameaça contra os interesses das potências mundiais. Um verdadeiro exemplo da expressão "os fins justificam os meios". 
A população tem o direito de conhecer a verdade por trás de movimentos polêmicos dos governos. As guerras do Afeganistão e do Iraque, obviamente, ocultam verdades grotescas que comprometem as autoridades militares e o Partido Republicano. Qualquer novo dado que esclareça os americanos sobre os reais motivos das invasões e quais práticas foram empregadas nos conflitos é uma grande contribuição para a compreensão de episódios nebulosos da história mundial.

Por outro lado, sigilo também é fundamental para certas relações políticas, como as próprias relações diplomáticas. Com o risco de vazamento de informações vitais de qualquer parte do governo, uma administração será obrigada a se blindar para preservar seus trunfos no campo diplomático e seus segredos de estado.
A liberdade de imprensa é a exigência principal para um bom jornalismo. Transparência é fundamental para um bom governo. Um site como o Wikileaks deve publicar aquilo que é de extrema relevância para a sociedade. Documentos da guerra e imagens que apontam erros militares são materiais indispensáveis para serem publicados. Mas informações pequenas, como opiniões pessoais de um presidente sobre outro é inútil ao leitor e prejudicial ao governante. Em outras palavras, não agrada ninguém, exceto os que se entretem com isso.
Assange, que foi libertado sob fiança, foi vítima de perseguição política, pagando um alto preço pelo direito de publicar o que quisesse. Resta esperar que o portal, e sites similares que possam surgir no futuro, filtrem as informações pelo critério de relevância para serem publicadas. E que jamais um homem seja levado para a cadeia por falar a verdade. Esse é o ideal de todo jornalista.
Foto: VentureBeat 

Um comentário:

  1. "E que jamais um homem seja levado para a cadeia por falar a verdade. Esse é o ideal de todo jornalista." Ótimo!
    Seus textos são bem estruturados e passam a informação de um jeito prático e 'entendível' até para uma aluna do ensino médio e com pouca bagagem como eu.
    Parabéns e continue com o bom trabalho.

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