Com 274 mortos só em Teresópolis, a cidade recebeu ajuda externa para continuar as buscas por corpos e possíveis sobreviventes da tragédia causada pelas chuvas da madrugada de 12 de janeiro. Exército, Marinha, Cruz Vermelha, Defesa Civil, Bombeiros, Força Nacional e as polícias Civil e Militar trabalham ao lado de voluntários do próprio município. Mas o aglomerado de oficiais está causando tumulto em algumas operações.
O problema está, principalmente, com os agentes de fora da cidade. Moradores de bairros como a Cascata do Imbuí, acusam a Força e os Bombeiros de não cooperarem para o recolhimento de corpos. Essa é a principal reclamação da população que ainda não recebeu ajuda nos bairros isolados.
A Cruz Vermelha foi à imprensa acusar a prefeitura de atrapalhar as ações da organização internacional. De acordo com assistentes sociais da entidade, guardas municipais teriam impedido que equipes médicas deixassem o galpão usado pela Cruz Vermelha para realizar atendimento aos feridos. A prefeitura negou a acusação e afirma que trabalha em parceria com a organização.
Outro problema comentado por policiais civis foi a forma de ação do Exército, que praticamente tomou as ruas de Teresópolis. Aparentemente, o Exército estaria impedindo a entrada de policiais em algumas áreas de risco. Os militares continuam patrulhando a cidade e o desentendimento foi controlado.
Vários pontos da cidade apresentam quedas de barreiras, inclusive nas regiões mais próximas ao centro, que não foi tão atingido. Casas luxuosas e comunidades mais carentes continuam ameaçadas com possíveis novos deslizamentos de terra. A previsão para essa semana mostra que o tempo vai melhorar, mas já chove em São Paulo. Mesmo com um pouco de sol, a chuva voltará em breve.
O Instituto Médico Legal ainda guarda aproximadamente 40 corpos nos frigoríficos instalados na avenida em frente ao prédio. Na tarde desta segunda-feira, uma das geladeiras quebrou, e o quarteirão foi inundado pelo odor de putrefação. O equipamento foi concertado rapidamente, mas o mau cheiro persiste.
A prefeitura distribui diariamente refeições para os funcionários e voluntários do IML. Peritos, papiloscopistas e auxiliares recebem almoço e jantar diariamente desde o segundo dia da crise. O movimento em frente ao instituto caiu, mas pode aumentar com a descoberta de novas vítimas.
Ainda nesta segunda, um jovem de 20 anos morreu em um acidente de carro na estrada Teresópolis-Friburgo, enquanto dirigia para fazer doações aos desabrigados. O corpo foi levado para o necrotério onde estão as vítimas das enchentes. Três pessoas feridas no acidente continuam internadas.
Os dias passam e o caos persiste em toda a região serrana. A população se mobiliza para aliviar o sofrimento dos que perderam tudo. As bandeiras no Palácio Tereza Cristina, onde funciona a prefeitura, estão a meio mastro. Teresópolis ainda chora seus mortos.
Fotos: André Coelho