IML de Teresópolis enfrenta dificuldades na identificação dos cadáveres

Autoridades confirmam, até o momento, 223 mortos em Teresópolis. Por volta das 16h desta quinta-feira, o Instituto Médico Legal e a garagem de uma antiga igreja haviam recebido mais de 170 corpos. As necrópsias seguem em ritmo acelerado, mas o processo de identificação das vítimas está atrasado. 

Durante toda a tarde, corpos encontrados em diferentes pontos da cidade chegavam em caminhões, caminhonetes e ambulâncias dos Bombeiros e da Defesa Civil. Desde ontem, a situação no IML de Teresópolis não melhorou muito. Cadáveres permanecem nos corredores dos dois prédios, que começam a sofrer com o mau cheiro do processo de decomposição.

Geradores de energia elétrica e mesas para depositar as vítimas chegaram hoje na antiga igreja. Um caminhão frigorífico foi levado ao local para receber os corpos. Porém, dificuldades de organização do IML impediram que o refrigerador fosse utilizado. 

A maioria da cidade enfrenta falta d'água. O IML e a garagem utilizada para armazenar os corpos receberam caixas d'água extras para que a lavagem dos corpos não atrasasse mais. A Defesa Civil de Guapimirim enviou mais de 10 mil litros de água por caminhões pipa para ajudar os legistas.

Máquinas escavadeiras foram direcionadas para os locais dos desabamentos para agilizar os trabalhos de busca por mortos e sobreviventes. Os equipamentos também servem para liberar estradas de acesso ao município bloqueadas pelas quedas de barreiras.

O secretário de administração penitenciária autorizou que um preso deixasse o presídio, no Rio, para identificar a família. Após apelo do Deputado Wagner Monter (PDT) na televisão, o preso foi levado à Teresópolis para reconhecer os dois filhos mortos na tragédia.
 No começo da noite, mais corpos chegaram no IML. A previsão é que o número de mortos possa dobrar nos próximos dias. As buscas por vítimas duraram o dia todo, mesmo com a chuva que caiu durante a tarde. Os hemonúcleos de Teresópolis estarão abertos a partir das 8h de sexta-feira para receber novas doações. 

Nessa quinta-feira, os bancos de sangue ficaram superlotados e muitos doadores não puderam ajudar os feridos. O ginásio que recebe os desabrigados precisa de produtos de higiene pessoal, água mineral e colchonetes. Não há previsão de quando a situação será normalizada em Teresópolis, que continua em estado de calamidade pública.
Fotos: André Coelho